sexta-feira, 29 de outubro de 2010

HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM DE LEO HUBERMAN

MEU COMENTÁRIO: Este livro é mais um lixo produzido pela esquerda. esta "raça" de gente é maldita, preguigosa, rebelde e bandidos. Preguiçoso porque não gostam de trabalhar e sim de discutir o sentido do trabalho. Bandidos, porque após delirarem sobre teorias sobre o trabalho, chegam a conclusão que o melhor é roubar as terras dos outros, se apropriar os imóveis dos outros e que tudos seja de todos, porque, eles se apossam dos bens alheios.

Como sempre digo, o mal da esquerda é que não sabem pegar em ferramentas, eles pegam enxadas e foices e ergem para cima e querem atacar os semelhantes, pois o símbolo deste movimentos satanistas como o MST, PT, Partido Comunista, URSS são trabalhadores com ferramentas agrícolas erguida para o alto. Alguém tem que ensina-los que não é assim que se utiliza ferramentas...

Estes dias conheci osenhor Everaldo, de Rondônia. Ele foi um retirante da cidade de Frei Paulo/SE, foi tentar a vida em Rondônia e com pocuo dinheiro e muita CORAGEM PARA TRABALHAR, construindo sua vida, conseguindo após décadas de trabalho, ser proprietário de várias fazendas, com milhares de cabeça de gado, inclusive exportando carne para ae Europa. O mundo capitalista, é isso, quem gosta de trabalhar, com criatividade pode melhorar e muito sua condição de vida.

Para Karl Marx, Leo Huberman e todos da esquerda dou-lhe uma mensagem de paz:VAI TRABALHAR VAGABUNDO!!!





RESUMO DA OBRA: HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM, DE LEO HUBERMAN

O autor apresenta o desenvolvimento do capitalismo, revelando as mudança na sociedade a partir das mudanças econômicas. No decorrer das páginas se vêm como se mantem a relação dos detentores do capital e a classe trabalhadora que vende a sua força de trabalho. A origem do dinheiro é apontada provinda dos tempos da escravidão e das relações metrópole-colônia. No século XVI a Holanda desponta no cenário mundial como uma potencia capitalista, e o homem do campo, antes, dono da sua própria terra se vê agora obrigado a trabalhar nas indústrias como assalariados.
A configuração econômica muda e os banqueiros e fabricantes passam a ser figuras de destaque na nova sociedade que desponta. A revolução industrial, especialmente com o advento da máquina a vapor, as novas tecnologias na agricultura e na medicina, faz explodir o crescimento demográfico e este por sua vez faz o consumo aumenta e a demanda do produto industrializado também aumenta, tudo ligado em uma engrenagem social. Mas para as mercadorias chegarem aos consumidores, se fez necessário implementar os meios de transportes para que a riqueza pudesse circular rapidamente e chegasse no consumidor final.
A relação homem e máquina entra em crise, pois em vez de melhor a vida dos homens, a grande massa piora suas condições de vida se tornando escravo do trabalho. A classe assalariada entra em conflito com os empregadores, políticos e juizes que não dão razão a causa operária. Os sindicatos surgem como representantes dos operários e uma mudança no sistema do poder pelo voto é apontado como uma alternativa para que os anseios dos pobres fossem alcançados. Assim, a classe dominante passa a reprimir os sindicatos. A teoria das Leis naturais de Adam Smith no que tange a economia são analisadas pelo autor que a contesta, pois o serve para proteger os exploradores e não os explorados.
Os pensamentos do economista David Ricardo e a Lei do Trigo, entre outras teorias capitalistas são analisadas e mostram como os dos poderosos se manterem no poder e no controle da economia. Finalmente o autor passa a desenvolver as idéias marxistas, apontando os males que o capitalismo reserva para a classe operária, alistando todas as desvantagens para os explorados, convocando-os para uma revolução comunista. O Livro termina com uma teoria sobre o valor da utilidade dos bens e riquezas produzidas.



Bibiliografia
HUBERMAN, Leo, HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM, ano 1986, editora LTC , 313 páginas

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O ABSOLUTISMO

Este filósofo (Nicolau Maquiavel) é considerado o pai do ABSOLUTISMO, leia um pequeno trecho do livro O PRÍNCIPE:




DE QUE MODO SE DEVAM GOVERNAR AS CIDADES
OU PRINCIPADOS QUE, ANTES DE SEREM OCUPADOS,
VIVIAM COM AS SUAS PRÓPRIAS LEIS
(QUOMODO ADMINISTRANDAE SUNT CIVITATES
VEL PRINCIPATUS, QUI ANTEQUAM OCCUPARENTUR,
SUIS LEGIBUS VIVEBANT)
Quando aqueles Estados que se conquistam, como
foi dito, estão habituados a viver com suas próprias
leis e em liberdade, existem três modos de conserválos:
o primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente;
o terceiro, deixá-los viver com suas leis,
arrecadando um tributo e criando em seu interior um
governo de poucos, que se conservam amigos, porque,
sendo esse governo criado por aquele príncipe,
sabe que não pode permanecer sem sua amizade e
seu poder, e há que fazer tudo por conservá-los. Querendo
preservar uma cidade habituada a viver livre,
mais facilmente que por qualquer outro modo se a
conserva por intermédio de seus cidadãos.
Como exemplos, existem os espartanos e os romanos.
Os espartanos conservaram Atenas e Tebas,
nelas criando um governo de poucos; todavia, perderam-
nas. Os romanos, para manterem Cápua, Cartago
e Numância, destruíram-nas e não as perderam;
quiseram conservar a Grécia quase como o fizeram
os espartanos, tornando-a livre e deixando-lhe suas
próprias leis e não o conseguiram: em razão disso,
para conservá-la, foram obrigados a destruir muitas
cidades daquela província.
É que, em verdade, não existe modo seguro para conservar
tais conquistas, senão a destruição. E quem se
torne senhor de uma cidade acostumada a viver livre
e não a destrua, espere ser destruído por ela, porque
a mesma sempre encontra, para apoio de sua rebelião,
o nome da liberdade e o de suas antigas instituições,
jamais esquecidas seja pelo decurso do tempo,
seja por benefícios recebidos. Por quanto se faça e se
proveja, se não se dissolvem ou desagregam os habitantes,
eles não esquecem aquele nome nem aquelas
instituições, e logo, a cada incidente, a eles recorrem
como fez Pisa.

HISTÓRIA DAS IDÉIAS

No Curso de História da Universidade Metropolitana de Santos há a seguinte definioção de HISTÓRIA DAS IDÉIAS:


A História das Idéias Políticas empenha-se em sistematizar de modo claro
as principais doutrinas que marcaram o desenvolvimento do pensamento
político, agrupadas em capítulos cujos títulos são significativos das emergências
conceituais que desempenharam papel decisivo no dever político
das sociedades. Uma das grandes interrogações que os homens se interpelam
é acerca da organização da sociedade e da natureza do poder
político. Temos de nos ater ao fato de que as teorias ou doutrinas políticas
do passado sempre deixam marcas perenes na história das idéias.

HISTÓRIA DAS MENTALIDADES

O curso de Licenciatura em História da Unimes Virtual traz a seguinte definição sobre HISTÓRIA DAS MENTALIDADES:



O estudo de história das mentalidades é um trabalho com elementos inertes,
obscuros, inconscientes de uma determinada visão de mundo. As
sobrevivências, a afetividade, irracionalidade, entre outros, delimitam o
campo específico da história das mentalidades, distinguindo-a com muita
clareza de disciplinas paralelas e hoje consolidadas como são os casos da
história das idéias ou a história da cultura. Podemos entender as mentalidades
como uma história de representações coletivas, representações
mentais ou mesmo ilusões coletivas.
As mentalidades podem ser pesquisadas como se esta fosse um microcosmo
de um estrato social inteiro em um determinado período histórico.

Podemos estudar, por meio das mentalidades, os comportamentos coletivos,
imaginações e gestos a partir de objetos precisos, tais como livros
e instituições de sociabilidade. Toda essa gama variada de possibilidades
reúnem-se no campo da história das mentalidades. Um exemplo que podemos
utilizar é a pesquisa da cultura produzida ou imposta às classes
populares em um dado momento histórico.

PROGRESSISMO

A imagem ilustrada da humanidade formada de um Homem único, que permanece homem enquanto evolui de geração em geração; ou então a figura da corrida em que o atleta passa a tocha às mãos do companheiro e sucessor, que, por seu turno, fará o mesmo depois de cumprido o seu percurso: eis símbolos recorrentes da crença no progresso contínuo.


É vivo, porém, o sentimento de que o progressismo atravessa hoje uma das suas crises mais traumáticas. (...) Parece-me que ela resulta de frustrações na medida em que o avanço tecnológico, além de ter acarretado prejuízos terríveis à natureza, (...) não curou as feridas de miséria do (...) mundo nem humanizou o convívio entre os povos em pleno fim de milênio. (Bosi in NOVAIS, 1992)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

HISTÓRIA DA CONQUISTA DO PLANETA TERRA

A palavra REVOLUÇÃO significa mudança radical, brusca, rápida, evolução, transformação. Na historiografia este termo é usado com frequencia para citar momentos especiais da história como a REVOLUÇÃO FRANCESA, REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E REVOLUÇÃO RUSSA.
Obviamente que esta palavra não está presa a estes eventos, mas se fez presente em vários momentos da história em que um povo rapidamente mudou seus hábitos. Hoje se fala em REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E REVOLUÇÃO DIGITAL, mas podemos apontar muitos outros exemplos de REVOLUÇÃO, inclusive, a REVOLUÇÃO MARÍTIMA, quando os europeus passaram a dominar as ciências naúticas que possibilitaram a conquista dos mares.
A história da humanidade também pode ser divida em:
1 - A conquista das terras
2 - A conquista dos mares
3 - A conquista do espaço aéreo.
Focando na conquista dos mares, podemos dizer que as invenções dos aparelhos que orientavam a navegação, a cartografia e a própria engenharia naval do final da Idade Média tiveram papel importante para revolucionar as técnicas de navegações e propiciar a humanidade a CONQUISTA DOS MARES.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

NOVA HISTÓRIA CULTURAL

MEU COMENTÁRIO:

Gostaria de acrescentar que é importante que possamos confrontar as diversas maneiras de se fazer " história". Confesso que acho essencial a versão oficial dos fatos, a posição das autoridades eminentes e os documentos públicos (ou não) com a versão oficial de um fato. Todavia, jamais podemos abrir mão de ouvir o que dizem os demais atores da história como os adversários políticos e os serventuários do poder e os cidadãos. Somente analisando o conjunto é que podemos processar as informações com mais confiabilidade e capacidade de julgar o que de fato ocorreu e quais as motivações que levaram os acontecimentos a se precipitarem para certos rumos.



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O TEXTO ABAIXO FOI RETIRADO DO SITE:
http://www.revistamuseu.com.br/artigos/art_.asp?id=5619



- Nova Hist�ria Cultural e Micro-Hist�ria - uma breve Reflex�o sobre suas Origens -


Mozart Lacerda Filho[1]

N�o � preciso ser um historiador muito atento (ali�s, nem � preciso ser historiador) para observar que a produ��o historiogr�fica produzida no Brasil, principalmente nos �ltimos dez anos, passou por mudan�as mui significativas. O surgimento de revistas especializadas (no m�nimo 3 t�tulos rivalizam-se nas bancas mensalmente), a constante adapta��o de textos de hist�ria para a televis�o, o lan�amento de livros com temas nunca antes imaginados (como � o caso da obra de Jean-Luc Hennig, Breve Hist�ria das N�degas, publicado pela portuguesa Terramar), exemplificam essas mudan�as.

Aqui, neste artigo, discutiremos uma nova forma de se abordar os eventos hist�ricos chamada Nova Hist�ria Cultural. A escolha se justifica, uma vez que, dos novos modelos historiogr�ficos, �, justamente, a Nova Hist�ria Cultural, que mais consegue trazer novos ares ao trabalho do historiador.

Para justificar essa afirma��o, basta observamos o esgotamento das explica��es oferecidas por modelos te�ricos globalizantes, com tend�ncias � totalidade, nos quais o historiador era ref�m da busca da verdade. Essas explica��es globais, por sua incapacidade de interpretar novos agentes hist�ricos, passaram, portanto, a ser questionados. Outro dado que justifica nossa investiga��o, nos � dado por Sandra Jatahy Pesavento (2002, p. 7/8), Segundo ela, a Nova Hist�ria Cultural

corresponde hoje, a cerca de 80% da produ��o historiogr�fica nacional, expressa n�o s� nas publica��es especializadas, sob forma de livros e artigos, como nas apresenta��es de trabalhos, em congressos e simp�sios ou ainda nas disserta��es e teses, defendidas e em andamento, nas universidades brasileiras.

Entremente, n�o ficaremos apenas na Nova Hist�ria Cultural. Abordaremos tamb�m, alguns aspectos da Micro-hist�ria, uma vez que esta � um desdobramento te�rico intimamente ligado ao surgimento da Nova Hist�ria Cultural.

O arcabou�o intelectual que vai dar origem � Nova Hist�ria Cultural est� intimamente ligado ao surgimento, no final da d�cada de 1920, na Fran�a, de uma nova forma de se pensar as quest�es historiogr�ficas, identificada como Hist�ria das Mentalidades.

Essa nova forma de se interpretar os fatos hist�ricos, buscava fugir da hist�ria historicizante: uma hist�ria que se furtava ao di�logo com as demais Ci�ncias Humanas, a antropologia, a psicologia, a ling��stica, a geografia, a economia, e, sobretudo, a sociologia.

No lugar desse tipo de manejo dos fatos hist�ricos, era preciso adotar, segundo Vainfas (2002, p. 17):

uma hist�ria problematizadora do social, preocupada com as massas an�nimas, seus modos de viver, sentir e pensar. Uma hist�ria com estruturas em movimento, com grande �nfase no mundo das condi��es de vida material, embora sem qualquer reconhecimento da determin�ncia do econ�mico na totalidade social, � diferen�a da concep��o marxista da hist�ria. Uma hist�ria n�o preocupada com a apologia de pr�ncipes ou generais em feitos singulares, sen�o com a sociedade global, e com a reconstru��o dos fatos em s�rie pass�veis de compreens�o e explica��o.

Entretanto, muitas cr�ticas v�o se insurgir contra os defensores da Hist�ria das Mentalidades. A mais comum e corrosiva dessas cr�ticas � de que a Hist�ria das Mentalidades torna multi-fragmentado o seu objeto de estudo. Isto �, �a chamada Hist�ria das Mentalidades abriu-se de tal modo a outros saberes e questionamentos que, no limite, p�s em risco a pr�pria legitimidade da disciplina�, conforme assegura Vainfas (Idem, p. 55/56).

Acuada por cr�ticas de diversas formas, a Hist�ria das Mentalidades refugia-se na chamada Nova Hist�ria Cultural. Se utilizamos a express�o Nova Hist�ria Cultural � para separ�-la daquilo que convencionou-se chamar de Velha Hist�ria Cultural. Segundo Pesavento (2004, p. 14/15), na Nova Hist�ria Cultural

Foram deixadas de lado concep��es de vi�s marxista, que entendiam a cultura como integrante da superestrutura, como mero refluxo da infraestrutura, ou mesmo da cultura como manifesta��o superior do esp�rito humano e, portanto, como dom�nio das elites. Tamb�m foram deixadas para tr�s concep��es que opunham a cultura erudita � cultura popular, esta ingenuamente concebida como reduto do aut�ntico. Longe v�o tamb�m as assertivas herdeiras de uma concep��o da belle �poque, que entendia a literatura e, por extens�o, a cultura, como o sorriso da sociedade, como produ��o para o deleite e a pura frui��o do esp�rito.

A Nova Hist�ria Cultural, portanto, est� trazendo uma nova forma da hist�ria tratar a cultura. Ainda segundo Pesavento (Idem, p. 15):

N�o mais como uma mera hist�ria do pensamento, onde estudava-se os grandes nomes de uma dada corrente ou escola. Mas, enxergar a cultura como um conjunto de significados partilhados e constru�dos pelos homens para explicar o mundo.

A Nova Hist�ria Cultural, por tudo que foi acima mencionado, vai fazer ressalvas (sem no entanto neg�-lo) ao conceito de mentalidades por classific�-lo amb�guo e excessivamente vago. No entanto, a Nova Hist�ria Cultural n�o nega a aproxima��o com as outras Ci�ncias Humanas, admite o conceito de longa dura��o e aceita os temas do cotidiano. Conforme assegura Vainfas (2002, p. 56):

Os historiadores da cultura (...), n�o chegam propriamente a negar a relev�ncia dos estudos sobre o mental. N�o recusam, pelo contr�rio, a aproxima��o com a antropologia e demais ci�ncias humanas, admitem a longa dura��o e n�o rejeitam os temas das mentalidades e do cotidiano.

Al�m disso, a Nova Hist�ria Cultural quer tamb�m se aproximar das massas an�nimas. Podemos, portanto, afirmar que a Nova Hist�ria Cultural revela uma especial afei��o pelo informal, por an�lises historiogr�ficas que apresentem caminhos alternativos para a investiga��o hist�rica, indo onde as abordagens tradicionais n�o foram.

E foi neste mar de possibilidades novas que v�rios historiadores passaram a navegar. Um dos mais importantes e que, primeiramente, merece destaque � o italiano Carlo Ginzburg, que em 1976 lan�a uma obra �mpar da Nova Hist�ria Cultural (e por que n�o dizer, da Micro-Hist�ria tamb�m), intitulada �O queijo e os vermes�. Nela, o autor discorre sobre um moleiro condenado como herege pela Inquisi��o Papal no s�culo XVI. Podemos considerar essa obra uma obra-s�ntese, uma vez que foi nela que Ginzburg abandonou o conceito de mentalidades (as raz�es, j� discutimos acima) e adotou o de cultura, definindo-a como �o conjunto de atitudes, cren�as, c�digos de comportamento pr�prios das classes subalternas em um certo per�odo hist�rico� (GINZBURG, 1986, p. 16).

Decorre desta defini��o ser poss�vel, agora, recuperar o conflito de classes em uma dimens�o sociocultural, deixando-se entrever no campo das discuss�es te�ricas aquilo que o historiador italiano chamou de circularidade cultural, conceito que se op�e ao velho paradigma cultura popular X cultura erudita.

Outro pensador da Nova Hist�ria Cultural que nos chama aten��o � Roger Chartier. Este, pertencente a uma gera��o contempor�nea do decl�nio das mentalidades na Fran�a. Chartier concorda com as discuss�es lan�adas por Ginsburg por tamb�m rejeitar a vis�o dicot�mica cultura popular X cultura erudita em favor de uma vis�o, digamos, mais abrangente, que, no limite, valoriza o dimensionamento da cultura em termos de classes sociais. Para tanto, ele prop�e um conceito de cultura como pr�tica, e sugere para seu estudo as categorias de representa��o e apropria��o.

Representa��o analisada como algo que permite ver uma coisa ausente e que, segundo Chartier seria mais abrangente que o conceito de mentalidades, uma vez que o ausente em-si n�o pode mais ser visitado. Segundo Pesavento (2004, p. 40):

Representar �, pois, fundamentalmente, estar no lugar de, � presentifica��o de um ausente; � um apresentar de novo, que d� a ver uma aus�ncia. A id�ia central �, pois, a da substitui��o, que recoloca uma aus�ncia e torna sens�vel uma presen�a.

Se o objetivo central do conceito de representa��o � trazer para o presente o ausente vivido e, dessa forma, poder interpret�-lo, o de apropria��o, segundo Chartier (1990, p. 26), � �construir uma hist�ria social das interpreta��es, remetidas para suas determina��es fundamentais� que s�o o social, o institucional e, sobretudo, o cultural.

Como o objetivo desse artigo n�o �, claro, o de fechar quest�o em torno de nada, gostar�amos de salientar que, tanto na sua vertente italiana quanto na sua vertente francesa, a proposta da Nova Hist�ria Cultural seria o de decodificar a realidade do j� vivido por meio das suas representa��es, desejando chegar �quelas formas pelas quais a humanidade expressou-se a si mesmo e o mundo.

Para o historiador da cultura, isso � muito importante ressaltar, o passado s� chega aos dias atuais por meio das representa��es. Afirmando com Pesavento (2004, p. 42):

�a rigor, o historiador [da cultura] lida com uma temporalidade escoada, com o n�o-visto, o n�o-vivido, que s� se torna poss�vel acessar atrav�s de registros e sinais do passado que chegam at� ele�.

Neste ponto de nossa discuss�o, uma nova possibilidade de investiga��o hist�rica surge como fazendo parte do elenco de mudan�as epistemol�gicas que acompanharam a emerg�ncia da Nova Hist�ria Cultural. Estamos nos referindo ao aparecimento da Micro-Hist�ria. � nela, pois, que muitos historiadores da Nova Hist�ria Cultural, sentiram-se bastante a vontade para realizar suas pesquisas (como � o caso do pr�prio Ginzburg, anteriormente citado).

Vejamos alguns aspectos de seu nascedouro. Segundo Vainfas (2002, p. 68):

o surgimento da Micro-Hist�ria tem a ver com o debate intelectual e historiogr�fico das d�cadas de 1970 e 1980. Tem a ver, tamb�m, com a quest�o da crise do paradigma marxista e de outros modelos de hist�ria totalizante e com a solu��o das mentalidades, que cedo se mostrou inconsistente no plano estritamente te�rico-metodol�gico.

Dessa forma, as finalidades da Micro-Hist�ria movem-se no campo das cr�ticas � hist�ria das mentalidades (vejam a coincid�ncia com a Nova Hist�ria Cultural), n�o deixando-se confundir com elas. Mas a pergunta mais importante que devemos fazer �: onde a Micro-Hist�ria contribui com a Nova Hist�ria Cultural?

Do ponto de vista metodol�gico, a Micro-Hist�ria avan�a nas pesquisas historiogr�ficas por romper com a pr�tica calcada na ret�rica e na est�tica. O trabalho da micro-hist�ria tem se centralizado na busca de uma descri��o mais realista do comportamento humano, empregando um modelo de a��o que possa dar voz a personagens que, de outra maneira, ficariam no esquecimento. Segundo Levi (1992, p. 136), a micro-hist�ria possui, portanto, um papel muito espec�fico dentro da chamada Nova Hist�ria Cultural: �refutar o relativismo, o irracionalismo e a redu��o do trabalho do historiador a uma atividade puramente ret�rica que interprete os textos e n�o os pr�prios acontecimentos.�

Outro historiador que nos alerta para a import�ncia da Micro-Hist�ria � Lu�s Reznick (2002, p. 3), para quem:

O espa�o local, al�ado em categoria central de an�lise, constitui uma nova possibilidade de estudo no quadro das interdepend�ncias entre agentes e fatores determinantes de experi�ncias hist�ricas eleitas pela lupa do historiador. Nessa nova concep��o, cada aparente detalhe, insignificante para um olhar apressado ou na busca exclusiva dos grandes contornos, adquire valor e significado na rede de rela��es plurais de seus m�ltiplos elementos constitutivos.

Dessa forma, o historiador de orienta��o micro-hist�rica, amparado pelos conceitos da Nova Hist�ria Cultural discutidos anteriormente, pode �enxergar� acontecimentos, fatos que a historiografia tradicional n�o �enxerga� e trazer � tona dados que estavam adormecidos. Portanto, sua an�lise � mais criteriosa, justa e democr�tica. Ainda segundo o pensamento de Reznick (2002, p. 3):

Ao eleger o local como circunscri��o de an�lise, como escala pr�pria de observa��o, n�o abandonamos as margens (...), as normas, que, regra geral, ultrapassam o espa�o local ou circunscri��es reduzidas. A escrita da hist�ria local costura ambientes intelectuais, a��es pol�ticas, processos econ�micos que envolvem comunidades regionais, nacionais e globais. Sendo assim, o exerc�cio historiogr�fico incide na descri��o dos mecanismos de apropria��o � adapta��o, resposta e cria��o � �s normas que ultrapassam as comunidades locais.

Dessa forma, � poss�vel afirmar, conforme Levi (1992, p. 139), que �o princ�pio unificador de toda pesquisa micro-hist�rica � a cren�a em que a observa��o microsc�pica revelar� fatores previamente n�o observados�, o que n�o aconteceria numa abordagem tradicional. A descri��o micro-hist�rica serve para registrar uma s�rie de acontecimentos ou fatos significativos que, de outra forma, seriam impercept�veis e que, no entanto, podem ser interpretados por sua inser��o num contexto mais amplo, ou seja, na trama do discurso cultural.

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[1] Psic�logo, Historiador e Especialista em Hist�ria da Filosofia.


Refer�ncias bibliogr�ficas

� CHARTIER, Roger. Introdu��o. In: A hist�ria cultural. Lisboa, Difel, 1990.
� GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. S�o Paulo, SP: Cia. das Letras, 1986.
� LEVI, Giovanni. Sobre a micro-hist�ria. In BURKE, Peter. A escrita da hist�ria. S�o Paulo, SP. Unesp, 1992.
� PESAVENTO, Sandra Jatahy. Hist�ria e hist�ria cultural. Belo Horizonte, MG: Aut�ntica, 2004.
� REZNIK, Lu�s. Qual o lugar da hist�ria local?. Artigo publicado em www.historialocal.com.br, acessado em 25.08.2004.
� VAINFAS, Ronaldo. Os protagonistas an�nimos da hist�ria. S�o Paulo, SP: Campus, 2002.

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