quinta-feira, 11 de novembro de 2010

GILBERTO FREYRE E A NOVA HISTÓRIA

Gilberto Freyre e a nova história
PETER BURKE
(Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 9(2): 1-12, outubro de 1997)


RESUMO

Febvre e Gilberte Freyre possuem similaridades em suas Obras em parte porque admiriavam os mesmos autores, como Michelet. A Nouvelle Histoire e a a Civillisation Matérriele escrita na França tem paralelo com o que Gilberto Freure escreveu na década de 30. Na Nova história buscou-se temas inéditos para pesquisa a história como fez Ariès na História da Infância e Vovelle na História da Morte. Freyre também se ateve aos detalhes historiográficos como certa vez disse:


"Há casas cujas fachadas indicam todo um gênero de vida nos seus mais íntimos pormenores. Todo um tipo de civilização. O ‘bungalow’ americano é assim" (Freyre, 1979, p. 315).


Este estudo das mentalidades que caracteriza os trabalhos dos franceses, de certa forma já podia ser visualizada nas obras de Freyre que interpretava uma cultura pelas construções que um determinado grupo erguia. Outra semelhança de Freyre com Braudel foi que este último fez um estudo sobre a história social das cadeiras e mesas e o Freyre sobre as redes e cadeiras de balanço, porque por estas mobílias podia-se interpretar a vida das pessoas naquelas habitações. Ariès realizou seu objetivo de relatar a Historia da Infância, Freyre também tentou foca estudos nesta área como confessou no seu Diário.

"O que eu desejaria era escrever uma história como suponho ninguém ter escrito com relação a país algum: a história do menino brasileiro - da sua vida, dos seus brinquedos, dos seus vícios -, desde os tempos coloniais até hoje"


Muitos dos historiadores dos que viriam a ser a ser da Escola de Annales se encontraram com Freyre em São Paulo e manifestavam interesses comuns na busca de novos caminhos para a historiografia. Febvre chegou mesmo a prefaciar o Livro CASA GRANDE, de Gilberto Freyre, na tradução francesa.

Harry Elmer Barnes, Charles Beard e James H. Robinson, historiadores do movimento NEW HISTORY, nos Estados Unidos com a qual Gilberto Freyre teve contato , todos estes nomes tinham relação com a nova historiografia que mantinha uma interdisciplina com outras matérias. Essas semelhanças de pensamento permite-nos dizer que entre Nova Yorque e Paris, se passava por Recife.